Entre o lundu, a ária e a aleluia: música, teatro e História nas comédias de Luiz Carlos Martins Penna (1833-1846)
416 págs. – 16,0 x 23,0 cm
Ilustrado
Entre o lundu, a ária e a aleluia
autor: LUIZ COSTA-LIMA NETO
2018
Rio de Janeiro • História • Música • Teatro
Martins Penna é considerado o iniciador da tradição da comédia de costumes no Brasil, mas a historiografia teatral pouco escreveu sobre o papel desempenhado pela música em sua obra criada décadas antes das operetas e revistas da segunda metade do século XIX. Já a musicologia tendeu a desprezar as práticas musicais da cidade do Rio de Janeiro no período das Regências (1831-1840) e início do Segundo Reinado, quando a ópera e a música sacra haviam entrado em decadência. O livro Entre o lundu, a ária e a aleluia vem preencher essa lacuna historiográfica, revelando a contribuição pioneira de Martins Penna na articulação entre as áreas da música e do teatro, combinadas numa mesma dramaturgia musical que marcou uma espécie inicial de teatro musicado no Brasil.
Entre menções no texto e a utilização em cena de recursos musicais e coreográficos, as doze comédias de costumes contempladas no livro (escritas por Martins Penna entre os anos de 1833 e 1846) abrangem um universo sonoro amplo, subdividido por Costa-Lima Neto em três grupos: “Lundu” (dança), “Ária” (ópera) e “Aleluia” (religião). As músicas serviam como meio de caracterização individual das personagens, assim como para a ambientação de situações, compondo uma paisagem sonora que recriava no palco as divisões espaciais e sociais da cidade do Rio de Janeiro imperial: das danças afro-brasileiras do lundu no Campo de Santana, passando pelas canções operísticas italianas e modinhas da ária no Teatro de São Pedro, até o canto gregoriano da aleluia no Mosteiro de São Bento.
Aos contrastes musicais correspondiam assimetrias radicais da sociedade escravista brasileira, cujos órgãos culturais e políticos censuraram as comédias de Martins Penna devido às críticas do autor ao tráfico negreiro ilegal e à repressão policial aos escravizados. Na interface entre estética e política, a leitura de Entre o lundu, a ária e a aleluia é especialmente útil para os amantes do teatro, da música e da história, revelando facetas desconhecidas de Martins Penna e sua época.