136 págs. – 16,0 x 23,0 cm
A arte de tocar a vida
organização: ISABEL MUNIZ
2021
Receitas
“Senhoras, não percam de vista que tudo por este nosso mundo deve ter o direito de se procurar, de se achar, de evoluir, de se libertar. Por que não o terá a nossa culinária?” (Por Celia, na receita de 11 de março de 1945)
Rio de Janeiro, meados dos anos 1940, plena Segunda Guerra Mundial. A convite do poeta Vinicius de Moraes, seu amigo pessoal, Celia Murtinho assumia a “desprezada” coluna de Culinária de O Jornal, de junho de 1944 a outubro de 1945, onde ensinava receitas de pratos salgados e doces que costumava fazer. Embutidas nas receitas... conselhos, livres devaneios, registros de uma época que compõem essa deliciosa crônica de costumes, em forma de livro de receitas.
Muitos frequentaram a casa de Dona Celia na rua Bartolomeu Mitre, no Leblon. Rachel de Queiroz, Candido Portinari, Orson Welles, Augusto Rodrigues e também o arquiteto José Leal, que assina a orelha do livro. Muitos deixaram afetuosos bilhetes de agradecimento, como o poeta Augusto Frederico Schmidt em março de 1945. Além de cozinhar divinamente, sabia receber muito bem!
O desejo de Dona Celia de transformar aquelas colunas semanais (houve alguns hiatos sem muitas explicações ao longo do período) em livro como herança para a filha Madalena, então com seis anos, torna-se realidade através do esforço de Isabel Muniz, uma das filhas de Madalena, agora com 83.
Os devaneios de Dona Celia, reunidos com carinho pela neta Isabel, roteirista e escritora, revelam uma periodista de estilo leve e moderno, que em crônicas culinárias, num momento grave de escassez e privações, buscava sempre a esperança de dias melhores.
O resultado é um livro delicioso que recebe bela roupagem pela Edições Folha Seca, em mais um lançamento para enriquecer nossa Biblioteca Carioca!